O café nosso de cada dia

O café é uma das bebidas mais consumidas no Brasil e no mundo por pessoas de todas as idades. Foi constituída uma amostra intencional aleatória, estatisticamente significativa, composta por 250 consumidores, residente em Belo Horizonte/MG, em 2007, constatou-se que 83,3% dos entrevistados são consumidores de café. Este resultado reflete o cenário nacional, onde 93% da população brasileira declara tomar café regularmente (ABIC, 2006).

Existem uma gama de substâncias na composição química do café, bem diferente do que muitos sabem já que o foco é a cafeína, quando se lembra de tomar o café da manhã, ou o ¨cafezinho¨ naquelas horas vagas ou de distração. E ainda por cima, durante o processo de torrefação ocorrem, diversas reações químicas, através das quais se degradam e/ou formam inúmeros compostos. Estima-se que o grão de café torrado possua mais de 2000 compostos químicos alguns destes com atividades biológicas conhecidas, que podem trazer reações benéficas ou adversas. Desta forma, os efeitos do consumo de café irão depender da qualidade e quantidade dos compostos químicos ingeridos, sendo que a quantidade de cafeína na bebida por sua vez, depende: da quantidade de pó usada na preparação, do tipo de café e forma de preparo do café.

Com relação a esta tão consumida bebida, atualmente existe um quadro totalmente diferente em relação ao que se pensava há anos atrás, quando entendia-se que o café era um grande vilão trazendo malefícios a saúde da população, embora sempre tão presente nas mesas de cada residência ou em panificadoras e cafeterias. Hoje o seu consumo (moderado) está sendo incentivado por diversas Entidades científicas e publicações, tornando possível tentar quebrar este enorme e complexo paradigma.

Conforme já preconizado há tempo, a cafeína atua no organismo humano principalmente como estimulante do sistema nervoso central e diurético, além disso, aumenta a taxa metabólica (justificando o seu uso nas atividades físicas), relaxa a musculatura lisa dos brônquios, do trato biliar, do trato gastrintestinal e de partes do sistema vascular. No entanto, ingestão de cafeína em excesso pode causar vários sintomas desagradáveis, inclusive a irritabilidade, dores de cabeça, insônia, diarréia e palpitações do coração.

Segundo Lima (2007), o consumo em quantidades moderadas (aproximadamente 150-300 mg de cafeína/dia), de em média até quatro xícaras por dia, torna o cérebro mais atento e capaz de suas atividades intelectuais, diminui a incidência de apatia e depressão e estimula a memória, atenção e concentração e, portanto, melhora a atividade intelectual, sendo adequado para todas as idades, inclusive crianças e adolescentes. Segundo Almeida et al. (2003) o café é um agente redutor do risco de alguns tipos de câncer devido a substâncias antioxidantes, anticarcinogênicas e antiteratogênicas naturalmente presentes no café ou formadas durante o seu processamento ou cocção.

Diante do que já foi visto neste artigo, surge outra temática muito controvertida e complexa: O café seria então, de acordo a faceta apresentada atualmente, um alimento funcional? Alguns afirmam que pode ser considerado realmente um alimento funcional, pois o café com o consumo moderado apresenta comprovados benefícios à saúde inclusive, proporcionando efeito protetor em diversas patologias (pesquisas recentes apontam para um efeito benéfico do café relativamente ao desenvolvimento de determinadas doenças, entre elas: Diabetes tipo II, Doença de Parkinson e Alzheimer e controle de colesterol e peso). No entanto, outros não acham, pois o café é responsável por propiciar, também sérios transtornos que são prejudiciais ao organismo humano.

Face ao exposto, no presente momento pode-se afirmar que mais linhas investigativas futuras são necessárias, para se definir todas as características ou propriedades benéficas ou não do café para a o organismo humano e se pode caracterizá-lo como um alimento funcional em função dos seus benefícios a saúde do homem. Por hora, não está banido tomar o tão famoso ¨cafezinho¨ todos os dias, nos momentos de descontração ou pequena pausa.

Referências:

1.ALVES ET AL. Benefícios do café na saúde: mito ou realidade? Quim. Nova, Vol. 32, No. 8, 2169-2180, 2009.

2.ARRUDA ET AL. Justificativas e motivações do consumo e não consumo de café. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 29(4): 754-763, out.-dez. 2009.

3.MAURÍLIO DE SOUZA CAZARIM; JULIETA UETA. Café: uma bebida rica em substâncias com efeitos clínicos importantes, em especial a cafeína. Rev Ciênc Farm Básica Apl., 2014;35(3):363-370.

4.MELANIE A. HECKMAN, JORGEWEIL AND ELVIRA GONZALEZ DEMEJIA. Caffeine (1, 3, 7-trimethylxanthine) in foods: a comprehensive review on consumption, functionality, safety, and regulatory matters. J Food Sci. 2010 Apr;75(3):R77-87.

5.S.A. ABRAHÃO ET AL. Compostos bioativos em café integral e descafeinado. Pesq. Agropec. bras., Brasília, v.43, n.12, p.1799-1804, dez. 2008.

6.SARA ROMEIRO; MAYUMI DELGADO. A Saúde numa Chávena de Café. Nutrícias no.15, Porto dez. 2012.

[ABA] American Beverage Assoc. Disponível em: http://www.ameribev.org/all-about

 

 

 

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