Alimentação e Orientações para Gestantes

Gestantes

A alimentação da grávida deverá ser uma alimentação saudável, ou seja, completa, equilibrada, variada e segura.

Fazer 5 a 6 refeições por dia, mais ou menos de 3 em 3 horas: pequeno-almoço, almoço e jantar e 2 a 3 pequenos lanches;
 Privilegiar o consumo de hortícolas, iniciando as refeições com uma sopa de legumes;
 Preferir o peixe gordo (salmão, arenque, atum, sardinha) e as carnes brancas, como as aves e o coelho;
 Limitar o consumo de carne vermelha a 2 ou 3 vezes por semana;
 Consumir cerca de metade dos cereais, como pão, arroz e massa, sob a forma integral;
 Comer 3 a 4 porções de fruta por dia;
 Comer 3 porções de laticínios meio-gordos ou magros por dia;
 Preferir sempre os óleos vegetais, como azeite;
 Moderar o consumo de sal, utilizando pouco sal para cozinhar, não adicionando sal no prato e evitando produtos e alimentos com excesso de sal;
 Beber água suficiente para satisfazer a sede. Cerca de 2,3 L pode ser uma referência;
 Praticar atividade física moderada;
 Evitar as bebidas alcoólicas.

Alimentos e porções aconselhadas por dia. Adaptado de Rodrigues et al e Kasier et al.

Grupo de Alimentos:

Cereais, Derivados e Tubérculos: 4 – 8 Porções

Uma porção de (opções):

1 pão (50g)
1 fatia fina de broa (70g)
1 e 1⁄2 batata – tamanho médio (125g)
5 colheres pequenas de sopa de cereais (35g)
6 bolachas – tipo Maria/água e sal (35g)
2 colheres de sopa de arroz/massa crus (35g)
4 colheres de sopa de arroz/massa cozinhados (110g)

Hortícolas: 3 -5 Porções

2 xícaras almoçadeiras de hortaliças crus (180g)
1 chávena almoçadeira de hortaliças cozinhados (140g)

Fruta: 3 – 5 Porções

1 peça de fruta – tamanho médio (160g)

Laticínios: 2 – 3 Porções

1 xícara de leite (250 ml)
1 iogurte líquido ou 1 e 1/2 iogurte sólido (200g)
2 fatias finas de queijo (40g)

Carne, peixe ou ovos: 2,5 – 4 Porções

Carnes/pescado crus (30g)
Carnes/pescado cozinhados (25g)
1 ovo – tamanho médio

Leguminosas: 1 – 2 Porções

1 colher de sopa de leguminosas secas cruas (25g)
(ex: feijão, grão-de-bico, lentilhas)
3 colheres de sopa de leguminosas frescas cruas (80g)

Gorduras: Porções 1 – 2

1 colher de sopa de azeite /óleo (10g)
1 colher de chá de banha (10g)
4 colheres de sopa de nata (30 ml)
1 colher de sobremesa de manteiga/margarina (15g)

Água: 2,3 L

8 a 10 copos de água

Estudos indicam ainda que nas primeiras refeições “sólidas” os bebés aceitam melhor os alimentos que fizeram parte da alimentação das mães durante a gravidez.

Uma alimentação saudável durante a gravidez, além de beneficiar a saúde do seu bebé, pode contribuir para que ele tenha bons hábitos alimentares no futuro e previna doenças como: Obesidade, Diabetes, Hipertensão e Doenças Cardiovasculares..

As recomendações para uma gravidez saudável incluem, ainda :

  1. Aumento de peso adequado
  2. Prática regular de atividade física
  3. Alimentação de acordo com os guias para uma
    alimentação saudável (“Roda dos Alimentos” = ver abaixo)
  4. Suplementação adequada de vitaminas e minerais
  5. Evitar o consumo de bebidas alcoólicas, tabaco e outras
    substâncias nocivas
  6. Manipulação segura dos alimentos
Resultado de imagem para roda dos alimentos brasileira - Ministério da Saúde
Fonte: Ministério da Saúde

A nova Roda dos Alimentos é composta por sete grupos de alimentos representados em um círculo onde são indicadas as quantidades de alimentos que devem ser consumidos no dia a dia. As recomendações diárias representadas na Nova Roda dos Alimentos são:

  • Cereais e derivados, tubérculos – 4 a 11 doses
  • Hortaliças – 3 a 5 doses
  • Fruta – 3 a 5 doses
  • Laticínios – 2 a 3 doses
  • Carnes, pescado e ovos – 1,5 a 4,5 doses
  • Leguminosas – 1 a 2 doses
  • Gorduras e óleos – 1 a 3 doses

No centro dessa roda se encontra a água porque também faz parte de uma alimentação saudável a ingestão de 1,5 a 3 litros de água por dia.

Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável
Alimentação e Nutrição na Gravidez, 2015
.

PROBLEMAS RELACIONADOS COM A ALIMENTAÇÃO NA GRAVIDEZ: COMO COMBATÊ-LOS?

Náuseas, vómitos e azia
Estes sintomas ocorrem em cerca de 70% das mulheres, como resultado das alterações hormonais, geralmente no início da gravidez.
Para aliviar estes sintomas, deve:

  • Fazer pequenas refeições em ambiente arejado, com intervalos de 2 horas;
  • Restringir os alimentos com odores fortes e consumi-los em pequenas quantidades;
  • Optar pelos cereais bem cozidos, as bolachas de água e sal, as torradas com doce, as batatas bem cozidas, os ovos cozidos e a carne magra;
  • Evitar os alimentos irritantes (ex: o café, o chá preto/verde, o chocolate e comida muito condimentada);
  • Ingerir, de acordo com a tolerância individual, líquidos frios, cerca de 1 a 2 horas, antes e após as refeições.

Obstipação
Cerca de 35-40% das mulheres grávidas sofrem de obstipação durante gravidez.
Para aliviar este sintoma, deve:

  • Beber bastantes líquidos, nomeadamente água (2 L por dia);
  • Aumentar a ingestão de alimentos ricos em fibra (pão integral, arroz integral, cereais integrais, legumes e frutas frescas e secas especialmente ameixas e figos);
  • A prática regular de atividade física.

Nota: lembre-se que os suplementos de Ferro podem por vezes provocar ou agravar a obstipação. Se estiver a tomar suplementos de ferro e notar o agravamento dos sintomas, consulte o seu médico.

Diabetes Gestacional

Durante a gravidez ocorrem adaptações na produção hormonal materna para permitir o desenvolvimento do bebê. A placenta é uma fonte importante de hormônios que reduzem a ação da insulina, responsável pela captação e utilização da glicose pelo corpo.  O pâncreas materno, consequentemente, aumenta a produção de insulina para compensar este quadro de resistência á sua ação. Em algumas mulheres, entretanto, este processo não ocorre e elas desenvolvem quadro de diabetes gestacional, caracterizado pelo aumento do nível de glicose no sangue. Quando o bebê é exposto a grandes quantidades de glicose ainda no ambiente intra-uterino, há maior risco de crescimento fetal excessivo(macrossomia fetal) e, conseqüentemente, partos traumáticos, hipoglicemia neonatal e até de obesidade e diabetes na vida adulta.

O diabetes gestacional pode ocorrer em qualquer mulher. Não é comum a presença de sintomas. Por isso, recomenda-se que todas as gestantes pesquisem, a partir da 24ª semana (início do 6º mês) de gravidez, como está a glicose em jejum e, mais importante ainda, a glicemia após estímulo da  ingestão de glicose, o chamado teste oral de tolerância a glicose .O diagnóstico é feito caso a glicose no sangue venha com valores iguais ou maiores a 92 mg/dl no jejum ou 180 mg/dl e 153 mg/dl respectivamente 1 hora e 2 horas após a ingestão do açúcar.

Algumas mulheres tem maior risco de desenvolver a doença e devem estar mais atentas.

São considerados fatores de risco para o diabetes gestacional:  Idade materna mais avançada, ganho de peso excessivo durante a gestação, sobrepeso ou obesidade, Síndrome dos ovários policísticos, história prévia de bebês grandes (mais de 4 kg) ou de diabetes gestacional, história familiar de diabetes em parentes de 1º grau , história de diabetes gestacional na mãe da gestante, hipertensão arterial sistêmica na gestação e gestação múltipla (gravidez de gêmeos).

O controle do diabetes gestacional é feito na maioria das vezes através de uma orientação nutricional adequada. A gestante necessita ajustar para cada período da gravidez as quantidades dos nutrientes. A prática de atividade física é uma medida de grande eficácia para redução dos níveis glicêmicos. A atividade deve ser feita somente depois de avaliada se existe alguma contra-indicação, como por exemplo, risco de trabalho de parto prematuro.

Aquelas gestantes que não chegam a um controle adequado com dieta e atividade física tem indicação de associar uso de insulinoterapia. O uso da insulina é seguro durante a gestação e o objetivo da terapêutica é a normalização da glicose materna, ou seja, manter níveis antes das refeições menores que 95 mg/dl e 1 hora após as refeições menores que 140 mg/dl. É importante destacar que a maioria das gestações complicadas pelo diabetes, quando tratada de maneira adequada, irá ter um excelente desfecho e os bebês nascerão saudáveis.
Aproximadamente 6 semanas após o parto a mulher que teve diabetes gestacional deve realizar um novo teste oral de tolerância a glicose, sem estar em uso de medicamentos antidiabéticos. O histórico de diabetes gestacional é um importante fator de risco para desenvolvimento de diabetes tipo 2 ao longo da vida adulta e na senilidade.  O aleitamento materno pode reduzir o risco de desenvolvimento de diabetes permanente após o parto. O desenvolvimento de diabetes tipo 2 após o parto frequentemente é prevenido com  a manutenção de uma alimentação balanceada  e com a prática regular de atividades físicas.

O tratamento inicial consiste de uma dieta para diabetes que permita ganho adequado de peso de acordo com o estado nutricional da gestante avaliado pelo índice de massa corporal pré-gravídico (Tabela 1).Para tanto, o valor calórico diário da dieta pode ser genericamente calculado multiplicando-se o coeficiente médio de atividade física de 30kcal/kg pelo peso ideal pré-gravídico (Tabela 2) de cada gestante e acrescentando, a partir do segundo trimestre, 300 kcal/dia. Os adoçantes artificiais não calóricos podem ser utilizados, evitando-se aqueles à base de sacarina.

A atividade física deve fazer parte da estratégia de tratamento do diabetes gestacional. Pacientes sedentárias podem ser orientadas a iniciar um programa de caminhadas regulares e/ou de exercícios de flexão dos braços. Gestantes que já praticavam exercícios regularmente podem manter atividades físicas habituais, evitando exercícios de alto impacto.

O procedimento diagnóstico preconizado pela Organização Mundial da Saúde e, agora, também pela Associação Americana de Diabetes é o teste de tolerância com sobrecarga oral de 75g de glicose.

Quadro 2: Fatores de risco para hiperglicemia na gravidez

Idade (aumento progressivo do risco com o aumentar da idade) Sobrepeso/obesidade (IMC ≥ 25Kg/m2) Antecedentes familiares de DM (primeiro grau) Antecedentes pessoais de alterações metabólicas: • HbA1c ≥ 5,7% (método HPLC) • Síndrome dos ovários policísticos • Hipertrigliceridemia • Hipertensão arterial sistêmica • Acantose nigricans • Doença cardiovascular aterosclerótica • Uso de medicamentos hiperglicemiantes Antecedentes obstétricos: • Duas ou mais perdas gestacionais prévias • Diabetes Mellitus gestacional • Polidrâmnio • Macrossomia (recém-nascido anterior com peso ≥ 4000g) • Óbito fetal/neonatal sem causa determinada • Malformação fetal

Fontes:

  1. Sociedade Brasileira de Diabetes.

2. Consenso Sobre Diabetes Gestacional e Diabetes Pré-Gestacional

3. Organização Pan-americana de Saúde