
As fibras em particular as solúveis, tem papel de destaque na prevenção e combate da diabetes tipo II, controlando a glicemia conforme já discutido no post fibras e controle glicêmico. A fim de auxiliar na prevenção do aparecimento de doenças crônicas relacionadas à dieta, a FAO/OMS recomenda o consumo de pelo menos 25 g/dia de fibras na dieta.
As fibras solúveis (também já discutido), devido as suas características de alta viscosidade retardam o esvaziamento gástrico e a absorção de glicose diminuindo a glicemia pós-prandial (após a refeição) e reduzem o colesterol sérico, portanto são bastante indicadas no tratamento da obesidade, doenças cardiovasculares e da diabetes; pois modulam a glicemia ou seja, reduzem as variações ou picos da glicemia e, a necessidade de insulina, ou seja a exigência de níveis mais altos deste hormônio para levar a glicose do sangue para as células. Apresentando as propriedades citadas destaca-se a betaglucana, uma fibra encontrada em abundância na aveia e na cevada, sendo que esta última também deve ser lembrado que pode ser utilizada por hipertensos no café da manhã por não conter em sua composição a cafeína.
A beta-glucana apresentando as características das fibras solúveis é bastante indicada para a dieta dos pacientes diabéticos ou qualquer indivíduo para o controle ou perda de peso. A beta glucana ao ser inclusa na dieta traz outra vantagem, aos portadores ou não de diabetes, ao reduzir e controlar o LDL colesterol no plasma sanguíneo.
Em estudos pós-prandiais, refeições contendo quantidades suficientes de beta-glucano, psyllium, ou goma-guar diminuíram as respostas da insulina e da glicose, tanto em indivíduos saudáveis como em pacientes diabéticos tipo II.
Fujita e Figueroa (2003) demonstraram que os grãos de aveia e cevada são os alimentos que apresentam teor mais elevado de beta-glucanas. Nos produtos comerciais o maior teor de fibra se encontra no farelo de aveia que contém 9,68% de beta-glucanas, seguido dos flocos de aveia com 7,03%. Logo a indicação ou uso para consumo destes produtos encontrados facilmente no mercado, vai depender do gosto ou preferência de cada um.
Conclui-se então, que a aveia pode ser consumida á vontade nas refeições pelos indivíduos sendo ou não diabéticos, sendo também bastante indicada (conforme já visto) para o café da manhã antes de uma atividade física. Uma ótima sugestão é acrescentar duas colheres de sopa de aveia no leite, no iogurte ou em preparações com frutas, como mamão, banana e abacate; inclusive, é de fácil e rápida preparação e pode ser consumida no café da manhã, lanches ou qualquer horário para controlar a ânsia de comer ou suprir uma necessidade ocasional.
Outra consideração a fazer é que IG (Índice Glicêmico) dos cereais não depende somente do teor de fibras presente em sua estrutura, depende também de outros fatores, como a técnica de fabricação ou preparação, variando bastante os valores de IG, isto significa que:
- Os cereais que passaram por um menor grau de processamento possuem valores de IG menores, bem como o All-Bran (IG = 30-51), Musli (IG = 39-66), farelo de aveia (IG = 55) e farelo de arroz (IG = 19).
- Enquanto o mingau preparado com aveia de flocos finos tem um tempo de cozimento menor, ou seja, cozinha mais rápido, o que é bem provável que aumente a taxa de digestão, ou seja, seja absorvida mais rapidamente, o que ocasiona um IG mais alto; portanto o mingau preparado com aveia de flocos maiores ou inteiros deve proporcionar uma digestão mais lenta e IG mais baixo, comparada ao mingau preparado com a aveia de flocos finos. Lembrando que, quanto menor o IG, menor será a velocidade de absorção da glicose no intestino.
Importante:
Para dirimir qualquer dúvida com relação ao IG de modo geral, voltar ao post Índice glicêmico e carga glicêmica: qual a diferença? e veja em dicas de nutrição receita de biscoitos de aveia sem ovos.
Referências:
- Paolo Tessari and Anna Lante. A Multifunctional Bread Rich in Beta Glucans and Low in Starch Improves Metabolic Control in Type 2 Diabetes: A Controlled Trial. Nutrients 2017, 9, 297.
- Vanessa D. de Mello and David E. Laaksonen. Fibras, Síndrome metabólica e DM tipo 2. Arq Bras Endocrinol Metab. 2009;53(5):509-18.
