A carne e a musculação

 

 

jason-leung-369162-unsplash

Atualmente, então a carne passou a ser incluída na dieta destes atletas para atender as necessidades de proteína e usufruir de todos os seus benefícios, além é claro alcançar a hipertrofia muscular. A indicada é a carne magra que são as partes do animal de menor teor de gordura, como maminha, lagarto e filé mignon.Dentre as qualidades vale lembrar do alto valor biológico de sua proteína, a presença em sua constituição de creatina, ferro e B12.Com relação ao ferro, a carne vermelha fornece o ferro heme, que é a forma pelo qual é diretamente absorvida e aproveitada pelo organismo.E quanto a questão das gorduras saturadas presente na carne vermelha, muitas instituições e publicações de respaldo no mundo científico contestam os males que seriam então, causados pela sua ingestão. Numerosos estudos, porém, fizeram a interligação com a carne vermelha desde doença cardíaca até câncer de próstata. Porém, a maior parte desta pesquisa usa dados da população geral em sua grande maioria sedentária para criar diretrizes dietéticas para todos, incluindo atletas que encaram seriamente o esporte e bodybuilders.

Nos últimos estudos realizados, descobriu-se que comer carne vermelha desde uma idade precoce ajudará a fornecer às pessoas os níveis recomendados de ingestão de vitaminas e minerais. Os nutrientes da carne vermelha desempenham um papel fundamental na saúde imune e cognitiva.

A carne é uma excelente fonte de proteínas, ferro, zinco, fósforo, magnésio, selênio e vitaminas do complexo B (especialmente B1, B3, B6 e B12). Razões de sobra para consumir-se a carne vermelha, inclusive os praticantes de musculação sejam eles, iniciantes, competidores locais ou atletas de elite..

A vitamina B-12, ou Cobalamina, é a vitamina mais complexa e só pode ser encontrada naturalmente em produtos de origem animal. A vitamina B-12 é necessária para a formação de glóbulos vermelhos. É extremamente necessária a ingestão diária de ferro e B12, atendendo os requerimentos de energia e nutrientes para a prática de atividades físicas (corrida, musculação, natação, etc.)

O zinco no corpo contribui para o desenvolvimento do tecido ósseo, estimula o crescimento e a divisão das células, a regeneração tecidual, a função reprodutiva e o desenvolvimento do cérebro.

O magnésio é um cofator de muitas enzimas e reações enzimáticas, incluindo o metabolismo energético, a síntese de ácidos nucleicos e proteínas. O magnésio desempenha um papel de vital importância nas reações que geram e usam ATP, a unidade fundamental de energia dentro das células do corpo.

O ferro é um mineral vital porque está envolvido no transporte de oxigênio para suas células. É essencial para a formação de hemoglobina e para a função muscular. Além disso, o ferro é incluído nas enzimas antioxidantes (catalase e peroxidase), que protegem as células dos estragos da oxidação. A carne é uma excelente fonte de ferro, dos quais aproximadamente 40% são de ferro heme. Ele entra em suas células mais rápido e é melhor absorvido pelo corpo em comparação com fontes de ferro baseadas em plantas (que contêm uma estrutura química diferente de ferro). A deficiência de ferro causa baixos níveis de imunidade e anemia.

A carne também contém ácido linoléico conjugado (CLA). Estudos mostram que o ácido linoleico inibiu o crescimento do câncer em animais de laboratório. Em comparação com o frango, a carne tem duas vezes a tiamina e a riboflavina, três vezes o ferro, cinco vezes o zinco e sete vezes o B12. Os benefícios nutricionais de comer carne vermelha são excelentes. E estas são apenas algumas das razões pelas quais você deve comer carne vermelha.

Carne vermelha e estudos recentes

As revisões de estudos sobre carnes vermelhas e câncer relataram resultados inconclusivos. A maioria dos estudos mostra que os dados sobre a carne vermelha e o câncer colorretal é insuficiente para sustentar uma clara associação positiva entre o consumo de carne vermelha e o câncer colorretal.

Apesar de haver ainda controvérsias não há evidências consistentes que demonstrem que a gordura saturada encontrada na carne vermelha aumenta significativamente os níveis de colesterol no sangue. Além disso, grandes estudos prospectivos que envolvem quase 350.000 participantes não encontraram associação entre ingestão de gordura saturada e doença coronária (DCC) ou doença cardiovascular (DCV). De fato, um grande estudo com quase 60.000 mulheres japonesas encontrou uma associação inversa entre consumo de gordura saturada e acidente vascular cerebral: quanto mais gorduras saturadas comiam, menor sua taxa de acidente vascular cerebral.

Em um estudo grande publicado no ano de 2010, os pesquisadores reuniram dados de 20 estudos que incluíram um total de 1.218.380 indivíduos. Eles não encontraram nenhuma ligação entre o consumo de carne vermelha não processada e doença cardíaca ou diabetes.Outro grande estudo da Europa, que incluiu 448.568 indivíduos, não encontrou nenhuma ligação entre a carne vermelha não processada e essas doenças.No entanto, ambos os estudos encontraram um forte aumento de risco para as pessoas que comeram carne processada.

Durante anos, as manchetes levantaram grandes controvérsias sobre gorduras saturadas e colesterol. Mais recentemente, dietas ricas em proteínas deram a carne uma história de retorno, mas a Associação Americana do Coração permanece rígida sobre as gorduras animais obstruindo as artérias. E agora, o mundo da mídia levanta uma questão sobre o câncer: uma revisão recente da Organização Mundial da Saúde posiciona carne, particularmente os tipos processados, como cancerígena, o que deixam muitas pessoas apreensivas

Uma meta-análise de 2010, baseada em três estudos prospectivos de coorte (composto cada estudo por dois grupos de indivíduos, um exposto ao suposto fator de risco e outro não) e um estudo caso-controle (um grupo de indivíduos apresentando o agravo e outro não,o controle), incluindo um total de 56.311 participantes e 769 eventos, não apresentaram associação significativa entre a carne vermelha e o risco cardiovascular. A mesma meta-análise incluiu seis estudos observacionais que avaliaram o consumo de carne processada para um total de 614.062 participantes e 21.308 eventos, mostrando que cada 50 g de porção / dia de carnes processadas adicionais, estava associada a um risco 42% maior de eventos cardiovasculares.

A carne vermelha tem sido associada há muito tempo a um aumento do risco de DCVs. No entanto, descobertas recentes demonstraram que, apesar da presença de heme ferro e carnitina, a carne vermelha não aumenta significativamente o risco cardiovascular quando é assumida nas doses recomendadas. A gordura visível e os conservantes são os principais problemas na ligação entre a carne vermelha e o aumento do risco cardiovascular, levando a um importante papel causal para as carnes vermelhas preservadas, especialmente se forem consumidas diariamente.No geral, não há evidências fortes para apoiar a recente conclusão do relatório do World Cancer Research Fund (WCRF) de que a carne vermelha tem um papel crucial no câncer de cólon. Uma quantidade substancial de evidências apóia o papel da carne vermelha magra como um moderador positivo de perfis lipídicos com estudos recentes identificando-a como uma fonte dietética de PUFA anti-inflamatórios de cadeia longa ômega-3 e ácido linoléico conjugado (CLA).

Conclusões:

Finalmente, os praticantes de musculação não estão mais restritos a consumir a proteína do frango e do peixe com intuito de atingir a hipertrofia muscular; a carne e seus elementos constituintes são fornecidos na forma de suplementos em pó, facilmente encontrados em lojas do ramo para promover a recuperação pós-treino e crescimento muscular. Mas, não se deve esquecer que a carne vermelha “in natura” é fonte natural de CLA (ácido conjugado linoléico), ácidos graxos ômega 3, ferro, vitamina B12, e ainda de minerais.

Referências:

1. Int J Prev Med. 2017; A Contemporary Review of the Relationship between Red Meat Consumption and Cardiovascular Risk Sofia Bronzato and Alessandro Durante.

2. Meat Sci. 2010 Jan;84(1):1-13.Red meat consumption: an overview of the risks and benefits.McAfee AJ1, McSorley EM, Cuskelly GJ, Moss BW, Wallace JM, Bonham MP, Fearon AM.

Deixe um comentário