A castanha do Brasil

A castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa) da região amazônica é consumida em todo o mundo. É rico em ácidos graxos monoinsaturados e poliinsaturados e é conhecido por seu alto teor de selênio. Uma única castanha do Brasil fornece 160% da dose diária recomendada de selênio (RDA). O Se é um componente fundamental incorporado às selenoproteínas envolvidas nas funções enzimáticas do metabolismo dos hormônios antioxidantes, anti-inflamatórios e tireoidianos. Demonstrou-se que a ingestão de castanha-do-brasil é capaz de melhorar significativamente a atividade da glutationa peroxidase (GPx) em indivíduos com baixos níveis plasmáticos de Se . A GPx é uma selenoproteína envolvida na dismutação de hidroperóxidos.

Além do selênio, a castanha do Brasil apresenta conteúdo relevante de outros minerais, como magnésio, cobre e zinco.

As castanhas do Brasil também, são boas fontes de muitos nutrientes, incluindo compostos bioativos, que podem contribuir para os efeitos promotores da saúde. Como outras castanhas, a castanha-do-pará é uma boa fonte de fenólicos, muitos dos quais possuem propriedades antioxidantes e fitoesteróis, que podem interferir na absorção do colesterol. A castanha do Brasil tem o maior conteúdo de esqualeno, um precursor de esteróides e um componente essencial dos hormônios. Eles também são excelentes fontes de minerais e vitaminas.

Evidências crescentes de que tal ingestão pode proteger contra o câncer e outras condições crônicas, como o DCV fornecem um forte argumento para aumentar o consumo de selênio. No entanto, a ingestão deve ser limitada à inclusão na dieta de outras nozes, como parte das 30 gramas recomendadas de nozes por dia, devido aos possíveis efeitos adversos do alto consumo.

Vários estudos, vêm sendo realizados com o intuito de esclarecer a influência do consumo da castanha-do-brasil no perfil aterogênico de indivíduos dislipidêmicos e saudáveis. No entanto, mais estudos são necessários para se avaliar os efeitos isolados e combinados de selênio e/ou ácidos graxos insaturados resultados do consumo da castanha-do-brasil.

Em um estudo para se avaliar a atividade das lipoproteínas em indivíduos normolipidêmicos, a ingestão de castanha-do-brasil não alterou as concentrações de HDL, colesterol de lipoproteína de baixa densidade, triacilgliceróis, apolipoproteína A-I ou apolipoproteína B. O diâmetro das partículas de HDL e a atividade da paraoxonase antioxidante 1, encontrada principalmente na fração HDL, também não foram afetadas. A suplementação aumentou a recepção de ésteres de colesterol (P <0,05) pela HDL, mas não alterou a recepção de fosfolipídios, colesterol livre ou triacilgliceróis. Como esperado, o selênio plasmático foi significativamente aumentado. No entanto, o consumo de castanha-do-brasil por curta duração por indivíduos normolipidêmicos em quantidades comparáveis aos testados para outras nozes não alterou o perfil lipídico sérico. A única alteração na função HDL foi o aumento da transferência de éster de colesterol. Este último achado pode ser benéfico porque melhoraria a via de transporte reversa não aterogênica do colesterol.

Em um estudo com indivíduos saudáveis, demonstraram que o consumo de uma única porção de castanha-do-brasil é suficiente para melhorar o perfil lipídico (diminuiu o LDL-c e aumentou o HDL-c), sem produzir toxicidade hepática e renal sugestiva de um consumo em grandes quantidades.

Em outro estudo. com o objetivo de avaliar o efeito da suplementação de castanha-do-brasil sobre o estresse oxidativo e marcadores inflamatórios em pacientes em HD (Hemodiálise), a atividade plasmática do Se e GPx aumentaram, enquanto os níveis plasmáticos de citocinas (TNF-α e IL-6) diminuíram significativamente após 3 meses de suplementação. Os níveis de HDL-c aumentaram e os níveis de LDL-c diminuíram significativamente. Esses dados sugerem que o consumo de apenas uma castanha por dia durante 3 meses foi eficaz para reduzir a inflamação, os marcadores de estresse oxidativo e o risco aterogênico, aumentando assim as defesas antioxidantes em pacientes em HD.

Estudos correlacionando-se o consumo da castanha do brasil com a perda de peso, também têm sido realizados.Em um grupo de adolescentes obesos, foi observado que a ingestão a curto prazo de castanha-do-brasil adicionada à dieta, não alterou a massa corporal ou a circunferência da cintura, mas, como um nutriente rico em substâncias bioativas, influenciou positivamente o perfil lipídico e a reatividade microvascular nutritiva.

Referências Bibliográficas:

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