Treinamento de Força x Whey Protein

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O treinamento de força ou resistido têm grande popularidade há tempo nas academias, inclusive vem através dos anos aumentando a frequência entre as mulheres. O treinamento com pesos é considerado a atividade física mais eficiente para a modificação da composição corporal pelo aumento da massa muscular.

O treinamento resistido (RT) está bem documentado para aumentar a hipertrofia do músculo esquelético, e um maior volume de RT (por exemplo, 1 protocolo de 3 séries) está associado a um maior turnover de proteína muscular. Numerosos estudos que recomendam a indicação ou prescrição protéica pós-exercício, estimulam de forma significativa os aumentos significativos no anabolismo muscular pós-exercício (MPS). Além disso, representam um aumento significativo na ingestão de doses moderadas de proteína de soro de leite (≥35g) em comparação com doses mais baixas (por exemplo, ≤20g). Foi argumentado que o consumo de doses proteicas muito elevadas (por exemplo, 60g ou mais) não estimula ainda mais os níveis de MPS pós-exercício relativamente a doses moderadas (por exemplo, 30-40 g). Por exemplo, dados meta-analíticos recentes de Morton et al. sugere um platô em benefícios hipertróficos de ingestão protéica quando combinado com RT além de doses de ∼1,60 g / kg / dia com base em dados de 49 estudos com 1.863 participantes combinados, cujo dados são apresentados logo abaixo:

A suplementação protéica da dieta aumentou significativamente em: força – uma repetição máxima e tamanho muscular – área de secção transversa da fibra muscular e CSA no meio do fêmur durante períodos prolongados de RET. O impacto da suplementação protéica sobre os ganhos na MLG foi reduzido com o aumento da idade e foi mais eficaz em indivíduos treinados em resistência. A suplementação protéica além do consumo total de proteínas de 1,62 g / kg / dia não resultou em mais ganhos induzidos pela RET na MLG.

Whey protein (WP) é um suplemento nutricional amplamente consumido, conhecido por aumentar a força e a massa muscular durante os regimes de treinamento resistido (TR). O anabolismo da proteína muscular é agudamente elevado após a RT, que é ainda mais acentuada pelo WP. Como resultado, há razões para sugerir que a suplementação de WP pode ser uma estratégia nutricional eficaz para restaurar a perda aguda da função contrátil que ocorre após a RT extenuante. Durante esse processo, portanto, deve haver predomínio dos processos anabólicos sobre os catabólicos. Sendo assim, o aumento da ingestão energética e de aminoácidos mostra ser imprescindível. As proteínas do soro do leite têm sido muito utilizadas por praticantes de atividade física. Possuem alto valor nutricional e pesquisas recentes demonstram que seu consumo está ligado a hipertrofia muscular.

As proteínas solúveis do soro do leite apresentam um excelente perfil de aminoácidos, (incluindo os de cadeia ramificada ou BCAA) caracterizando-as como proteínas de alto valor biológico. Possuem peptídeos bioativos do soro, que conferem a essas proteínas diferentes propriedades funcionais. Os aminoácidos essenciais, com destaque para os de cadeia ramificada, favorecem o anabolismo, assim como a redução do catabolismo protéico, favorecendo o ganho de força muscular e reduzindo a perda de massa muscular durante a perda de peso. O alto teor de cálcio favorece a redução da gordura corporal, por mecanismo associado ao hormônio 1,25 (OH)2D. Melhoram, também, o desempenho muscular, por elevarem as concentrações de glutationa, diminuindo, assim, a ação dos agentes oxidantes nos músculos esqueléticos.

As proteínas do soro de leite são altamente digeríveis e rapidamente absorvidas pelo organismo, estimulando a síntese de proteínas sangüíneas e teciduais a tal ponto que alguns pesquisadores classificaram essas proteínas como proteínas de metabolização rápida fast metabolizing proteins, muito adequadas para situações de estresses metabólicos em que a reposição de proteínas no organismo se torna emergencial. Considerando-se que o exercício físico exaustivo causa depressão imunológica, produção de radicais livres e catabolismo protéico e que as proteínas do soro de leite e seus hidrolisados agem estimulando o sistema imune (celular e humoral) através do estímulo linfocitário e produção de anticorpos; e que as proteínas do soro de leite e seus produtos metabólicos são antioxidantes e seqüestrantes de radicais livres, que essas proteínas são rapidamente digeridas e absorvidas e que a composição de aminoácidos das mesmas favorecem a síntese de proteínas musculares (aminoácidos de cadeias ramificadas – BCAA) é de se esperar que sua ação seja altamente benéfica ao organismo humano e animal, antes, durante e após períodos de exercícios intensos e/ou prolongado favorecendo em alto grau a sua utilização.

A administração de diferentes formulações multi-ingredientes, onde as proteínas do soro são combinadas com carboidratos, outras fontes de proteína, creatina e aminoácidos ou derivados, tem sido extensivamente proposta como uma estratégia eficaz para maximizar os ganhos de força e massa muscular em atletas.

Dados de nove ensaios clínicos randomizados foram incluídos, envolvendo 11 tratamentos e 192 participantes. No geral, em relação à ingestão de suplementos de contraste, a suplementação de proteína whey, administrada isoladamente ou como parte de um multi-ingrediente, em combinação com treinamento de resistência, foi associada a pequenos ganhos extras de massa livre de gordura ou massa magra.

Um estudo cruzado duplo-cego, onde 12 homens treinados (76 ± 8 kg, 24 ± 4 anos de idade, 14% ± 5% de gordura corporal; média ± desvio padrão (DP)) realizaram exercício resistido na noite anterior ao consumo de 25 g de proteína de soro de leite (PRO; MuscleTech 100% Whey) ou placebo de energia combinada (CHO) imediatamente após o exercício (0 h) e novamente na manhã seguinte (~ 10 h de recuperação), incluiu um terceiro ensaio randomizado, completado pelos mesmos participantes, envolvendo nenhum exercício e nenhum suplemento serviu como um ensaio clínico de repouso (Rest). Concluiu-se que a suplementação protéica do soro aumenta o anabolismo de todo o corpo e pode melhorar a recuperação aguda do desempenho após uma sessão vigorosa de exercícios resistidos.

Em um estudo cujo objetivo foi avaliar a eficácia do consumo duas vezes ao dia de um suplemento nutricional multiprocessado à base de proteínas para aumentar a força e a massa magra independente e em combinação com o exercício em homens idosos saudáveis. Quarenta e nove homens idosos saudáveis (idade: 73 ± 1 anos; IMC: 28,5 ± 1,5 kg / m2) foram alocados aleatoriamente para 20 semanas de consumo duas vezes ao dia de um suplemento nutricional (SUPL; n = 25; 30 g de proteína de soro de leite, 2,5 g de creatina, 500 UI de vitamina D, 400 mg de cálcio e 1500 mg de n-3 PUFA com 700 mg de ácido eicosapentanóico e 445 mg de ácido docosahexanóico); ou um controle (n = 24;MALT; 22 g de maltodextrina). O estudo teve duas fases. A fase 1 foi de 6 semanas de SUPL ou MALT sozinho. A fase 2 foi uma continuação de 12 semanas da SUPL / MALT, mas em combinação com o Exercício: SUPL + EXERC. ou MALT + EXERC. A Força isotônica (uma repetição máxima [1RM]) e massa corporal magra (MCM) foram os desfechos primários. Na Fase 1 apenas o grupo SUPL ganhou força (e massa magra . Embora ambos os grupos tenham ganhado força durante a Fase 2, após a conclusão do estudo, a força do corpo superior foi maior no grupo SUPL em comparação ao grupo MALT. no final dos testes, obteu-se os seguintes resultados:

  1. O consumo duas vezes ao dia de um suplemento nutricional multi-ingrediente (SUPL) aumentou a força muscular e a massa magra em homens mais velhos;
  2. Em combinação com o treinamento físico (EXERC.), aprimorou-se mais ainda o ganho de força com o treinamento físico.

Estudos envolvendo intervenções de mais de 6 semanas em indivíduos com treinamento de resistência são escassos e representam um pequeno número de participantes. Além disso, nenhum estudo com intervenção superior a 12 semanas foi encontrado. A variação em relação ao protocolo de suplementação, ou seja, os diferentes critérios de dose ou o tempo de ingestão também adicionam algumas preocupações à comparação dos estudos.

A função renal ,em especial, também vêm sendo avaliada no treinamento resistido devido todas críticas e discussões que envolvem este paradigma devido o uso indiscriminado de suplementos proteicos e à base de aminoácidos e, os possíveis efeitos prejudiciais à saúde associados à ingestão de doses excessivas. O trabalho avaliou o efeito da suplementação alimentar com whey protein e leucina sobre a função renal, parâmetros metabólicos e massa corporal de ratos sob condições fisiológicas. Rattus norvegicus, pesando 327±24g foram distribuídos em cinco grupos (n=5-7/grupo) e alimentados com ração comercial e água ad libitum e tratados v.o com whey protein nas doses de 0,45 e 1,8 g/kg/dia (WP1 e WP2), leucina 0,675 e 1,35 g/kg/dia (LEU1 e LEU2), ou água (controle C). A suplementação foi feita diluindo-se os suplementos em água destilada em volume de 10 mL/kg. Após quatro semanas, amostras de sangue foram obtidas e processadas para dosagens bioquímicas de creatinina, ureia, triglicérides, colesterol total e frações e glicemia de jejum. Para avaliação estatística, utilizou-se ANOVA seguida de pós-teste Tukey, com nível de significância de 5%. Houve ganho de peso em WP2 e LEU2 e menor consumo alimentar em WP1, WP2 e LEU1. Não houve aumento dos níveis de creatinina e ureia plasmática, indicativos de disfunção renal. Foi observada redução estatisticamente significativa de triglicérides, colesterol total e glicemia de jejum em LEU1 quando comparado ao controle, p<0,05. Não houve interferência dos tratamentos sobre as frações LDL-c e HDL-c. A suplementação alimentar com whey protein e leucina não resultou em danos renais. A leucina na dose de 0,675 g/Kg promoveu melhor perfil metabólico.(AU),

Em conclusão do artigo, embora os efeitos positivos dos suplementos contendo proteína de soro de leite para otimizar as respostas anabólicas e o processo de adaptação em indivíduos treinados em resistência tenham sido apoiados por várias investigações, seu uso continua a ser controverso,A proteína de soro isolada ou como parte de um multi-ingrediente parece maximizar a massa magra ou ganho de massa livre de gordura, bem como a melhoria da força superior e inferior do corpo em relação à ingestão de carboidratos iso-energéticos equivalentes ou suplemento protéico (que não é parte do soro) em indivíduos treinados em resistência, no entanto a administração de diferentes formulações em combinações de multi-ingredientes continua sendo a tônica na suplementação no treinamento de força ou resistido, por frequentadores de academias (tanto por parte de atletas como esportistas).

 

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